sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

I

Ela poderia aproveitar o aperto no peito para dizer tantas coisas, que deixaria a todos pasmos e um tanto boquiabertos. De fato não se tratava de alguém sentimental, ou até mesmo, alguém que possuia qualquer sofrimento que fosse. Mas mesmo a maior das árvores sangra quando lhe arrancam algumas folhas.

Aquele era o momento de se calar. Ela encarava a todos com os olhinhos cheios de sabedoria e pouca idade. A boca se comprimia como se presenciasse algo nojento, fora de sua natureza. E ela suspirava tão fundo que algumas pessoas, aquelas que ousavam estar ao seu lado, sentiam um pouco de tontura pelo ar rarefeito.

Impaciente. Sempre impaciente com pessoas. Pessoas, eu repito. Amores, nunca! Enquanto não fosse machucada, os amores sempre tiraram de dentro dela a paciência como sua maior virtude. Quando sim, ela revelava um poder de invisibilidade tão forte que anos se passavam até que pudessem ver o brilho de seus olhinhos pequenos novamente. No entanto, nunca mudava. Era quase como se ela se mantesse congelada e depois de acordada, estava livre, leve, linda e com mais anseios por sonhos bons. E todos continuavam a amá-la.

Mas naquele minuto, ela estava lá, julgada por um bando de sanguessugas. Eles a cansavam, eles a aborreciam. Pessoas: "Bichos..." E ainda queriam que ela sorrisse. Eles queriam que ela sorrisse com simpatia e satisfação de estar junto deles. Mas não. Não ela. Pessoas de outro mundo nem sempre conseguem se encaixar. "Nem sempre."

A distância era sempre um alívio. Correr era sempre uma libertação. Sair correndo era, no mínimo, o sentimento mais perfeito de todos os mundos nos quais ela ja pisou. E correu tão rápido que o corpo se sentia leve. E no minuto que tentou atravessar os ares, sentiu a dor do chão.

Ninguém a viu chorar tanto. Ninguém a viu chorar. Ninguém a viu. Ninguém.

Era como se sumisse. Como se seu poder, ou a vontade de tê-lo viesse resgatá-la. Mas ao olhar para cima ela viu. Uma luz. E brilhava tanto que não conseguia evitar a dor nos olhos. Muita dor. Que passou para o corpo e tomou o peito. E era isso. Era hora de ir. Era hora de ir! Ela sorria e chorava porque era hora de ir. Era o chamado de casa. E ela foi. Não foi mais vista. Aquela triste menina sozinha nunca mais foi vista.

Agora é só um sorriso.

6 comentários:

  1. Segundo tu e metade das pessoas que me conheciam de verdade , o que da pra contar nos dedos de uma mão ... pegou um pedaço meu , te amo muito minha leela.

    mônica.

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  2. poxa, eu gostei muito. Bonito de verdade.

    Fiquei pensando se era sobre Mônica mesmo, mas ela já se entregou. ^^

    Te amo, namorada.

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  3. fiquei me perguntando sobre quem era o texto...primeiro achei que era auto descritivo, mas vi pelos comentários que é sobre outra pessoa. Muito lindo =)

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  4. Agora tem que escrever mais. Tivira aê.
    Começou, agora termina porque tem leitores aguardando... XD


    =***

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