domingo, 21 de fevereiro de 2010

II

Quatro da manhã. Quatro da manhã e um bocejo. Quatro da manhã e um latido. Quatro da manhã e dois latidos. Quatro e uma da manhã e três latidos. Quatro e uma da manhã, quatro latidos e um grito. Quatro e duas da manhã, cinco latidos e outro grito. Quatro e três da manhã, seis latidos e outro grito. Quatro e quatro da manhã, som de chineladas e um outro grito. Quatro e cinco da manhã. Quatro e seis da manhã e silêncio: Agora é possível começar.

Agora é possível começar a pensar. É possível levantar da cama e terminar o obrigatório. Quem pode viver assim? Quatro da manhã. Sete minutos… agora. O descanso de quinze minutos agora só vai durar oito. Oito minutos para levantar de novo. O que fazer com oito minutos? O que fazer com quinze? Como evitar o sono depois de doze horas de trabalho obrigatório? O que será que ele me diria? Como seria no futuro? Talvez ele me deixasse dormir. É. Com certeza ele mandaria que eu dormisse. Que da próxima vez fizesse tudo mais cedo. É, com certeza. Eu o conheço bem. Muito bem. Seria assim.

(um minuto de silêncio)

É incrível como não passa uma noite sem que eu faça isso.

(trinta segundos de silêncio. )

Um latido. Ah, mas que coisa! Mas é melhor que eu não durma. Bem melhor. Do contrário como?

(Levanta, liga o rádio, deita.)

Ah... Essa música é muito boa. Muito mesmo.

“And it breaks my heart...And it breaks my heart...”

É quase um...Um... (bocejo) Ai, mas que sono...

“And suppose I never ever met you
Suppose we never fell in love
Suppose I never ever let you kiss me so sweet and so soft
Suppose I never ever saw you
Suppose we never ever called
Suppose I kept on singing love songs just to break my own fall
Just to break my fall”

(dois minutos de um silêncio de distância.)

Acho que não. Não é uma música assim tão boa. É meio estúpida. Enfim. Só uma música. Preciso levantar.

(...)

Ok, eu vou levantar agora.

Tem um pouco de erro bem aqui. Um pouco de erro. Mas eu conserto. É, eu conserto. Se não, bom, não há problema. O problema é não reconhecer o erro. Mas com um pouco de paciência, tudo se ajeita, né? É, é. Tudo se ajeita. Nem que não seja do jeito mais desejado. É, se ajeita. Já to quase terminando. Só preciso de um pouco mais de tempo. É, tempo. É tudo que eu preciso...

“I hear in my mind all of these voices
I hear in my mind all of these words
I hear in my mind all of this music
Breaks my
Heart
Breaks my heart”

3 comentários:

  1. eu entendi ou me iludi com o "silêncio de distância"?adoro essa música.

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  2. Detesto o refrão dessa música. XD

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  3. Aaah, adorei teu blog. A ruiva adqui nunca esquece a ruiva daí. Gostei demais também da textura verde-oliva: parede chique de um quarto de hotel chique. xD

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